O Amor

Domingo cedo, clima morninho...temperatura gostosa como um pão doce recém saído do forno !


Passear pela cidade quase adormecida é o que existe de melhor.


O sol brilha pálido no céu quase azul. Ao longe, no final da avenida, um brilho cor de prata indica, como se fosse uma grande tabuleta, a presença majestosa do mar.


A netinha segura confiante na mão da vovó, com seus dedinhos roliços e sua mãozinha gordinha.


Seus olhos tudo vêem. Sua alegria a faz cantarolar entre as palavras balbuciadas, que ainda estão se formando.


Vão passeando, aproveitando da companhia uma da outra. A vovó e a netinha. . .


No caminho encontram um ...supermercado.


Imagine se os olhinhos dela e da vovó não brilham então, com mais intensidade.?


Mil pensamentos passam céleres pelas suas cabeças.


A vovó pensa na bela macarronada que fará para o almoço...


preciso comprar queijo ralado


preciso comprar um vinho para o nono


preciso comprar alface para a salada


A netinha pensa trôpega...


quero bala


quero chocolate


quero coca-cola


Felizes, as duas entram no paraíso. Fazem suas escolhas, pagam e embalam suas comprinhas.


Na saída, deparam com um menino maltrapilho e sujo.


A vó tenta desviar sua netinha da triste visão, mas o menino insiste em olhar a garotinha.


A menina sorri para o molequinho, poucos anos mais velho do que ela.


O menino exclama:


Vixi. o nenenzinho tem vista azul !!!


A pequerruxa parece que entende e se desmancha em sorrisos para o pequeno e faminto “paquerador”


A vovó se emociona e decide se aproximar do pequeno mendigo.


Entre goles quentinhos de um café com leite e mordidas urgentes no pãozinho quente com manteiga e queijo, o menino conquista duas amigas e confidencia para a menininha:


Vou estudá bastante e quando eu crescê, vou casar com o nenenzinho, ta ?


O milagre do amor se renovou num simples gesto de encher a barriga

( Naila Petrechem )